sábado, 20 de fevereiro de 2010

Studying Abroad…

Quem me conhece sabe que um dos meus grandes sonhos é estudar fora do país, mais precisamente na Europa. Ou então em NYC – o único lugar dos EUA que eu suportaria viver.

Isso sempre foi um objetivo meu, aliás, NYC era a minha primeira opção, porém, depois de uma palestra com um representante da University of the Arts London, em São Paulo, de ter pego 5 kilos de brochuras e prospectos das faculdades londrinas nesse evento e ainda pesquisar mais sobre tudo isso na internet, realmente me apaixonei pelas escolas européias.

Eu queria fazer um mestrado em Filme e Vídeo, ou em Artes Sônicas, algo muito técnico e específico. Porém, quando terminava de devorar uma brochura, ou ler de ponta a ponta um site de uma universidade qualquer, sempre era brochante quando chegava na parte “tuition fees”. Para alunos internacionais, estudar na Europa é um preço absurdo!!!

Por exemplo, um aluno inglês ou europeu paga em torno de 6 mil libras! Já pra um aluno internacional, esse preço sobe para 18 mil libras – 3 vezes o valor! Eu até entendo que as instituições de ensino têm convênios com vários orgãos governamentais e conseguem esses descontos para alunos europeus (porque, na verdade, o preço para aluno internacional seria o valor “normal”). Mas é um absurdo a diferença dos valores.

Sem contar que, mesmo que eu estivesse disposto a gastar essa quantia, eu me sentiria como um pedaço de merda dentro de uma classe: sabendo que a pessoa do meu lado pagou 3 vezes menos pra aprender e experienciar a mesma coisa que eu. Ficaria paranóico! Se tirasse nota baixa num trabalho, me questionaria se foi por causa da minha nacionalidade ou, ao contrário, se tirasse uma nota altíssima, me perguntaria se foi porque estou pagando mais.

Realmente, estudantes brasileiros só fazem este tipo de curso se forem muito ricos ou tiverem cidadania européia. Fui com dois amigos meus (um casal de namorados) e os dois conseguiram obter cidadania italiana. Até pensei nessa possibilidade, mas a árvore genealógica da minha família é um tanto obscura e, no caso da italiana, era a minha bisavó que era de lá; precisaria ser o meu bisavô pra manter a linha paterna (acho uó essas leis machistas!).

Tive outro amigo que estudou em Londres usando um fake ID português na hora da matrícula; que ele comprou de uma máfia local. Mas eu sou uma pessoa muito “by the book”. Não teria coragem de fazer uma coisa dessas. Imagina se me pegam?? Ser preso, deportado, pagar uma multa uó, ficar com a reputação sujíssima... No, no, no!

Daí, meio que tirei essa idéia de fazer mestrado lá fora. Até mesmo porque, o mestrado, pra eles, não tem o mesmo peso que aqui no Brasil. Aqui você tem que obrigatóriamente ter concluído o ensino superior; lá, se você comprovar experiência profissional na área que deseja cursar, nem precisa de faculdade. Aqui você tem que escrever uma tese gigantesca defendendo sua pesquisa, lá você pode fazer um trabalhinho prático sujo no lugar de tese e fica tudo por isso mesmo, sem contar que alguns desses cursos ainda estão em processo de reconhecimento. Acho uó.

Mas também não desisti de estudar fora, porém, em cursos técnicos de menor duração que, pra meu alívio, custam o mesmo preço para todos por se tratar de cursos de extensão. Ainda mais que, além de aprender, o meu objetivo é conhecer pessoas, virar o queridinho do professor, fazer network e conseguir um emprego por lá mesmo através de algum contato ou indicação. E, pra isso, não preciso me matricular num curso de mestrado.

Porém, reservo-me no direito de mudar de idéia caso eu me naturalize, um dia, em algum país europeu; ou me casar com alguma amiga lésbica européia que precise esconder a sua orientação longe da família ou, ainda, se eu achar o “the one” por lá mesmo.

Regardless, de um jeito ou de outro eu vou arrasar! Realmente não tenho a mínima idéia do rumo que a minha vida seguirá nos próximos anos, mas, de uma coisa eu sei: minha vida está seguindo uma direção glam! E eu sei que, de um jeito ou de outro, everything is going to be just FABOLOUS!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Roupa de Ver Deus


Relendo o post passado e lembrando dos meus modelitos clubber que usava antigamente; acabei também lembrando que, mais ou menos nessa época da minha fase clubber, minha mãe me fazia freqüentar a Assembléia de Deus aos domingos. E é óbvio que também escandalizava no figurino por lá também.


A Assembléia de Deus é uma igreja super conservadora. Todo mundo usa roupa social ou no mínimo um jeans com camisa. Como eu não sou obrigado, ia com tons berrantes, estampas bafônicas e todo mundo me olhava com uma cara meio estranha. Não com um olhar de desaprovação, no entanto, mas com um olhar de curiosidade. Como quando as pessoas vão no simba-safari e ficam olhando os animais selvagens pela gradezinha colocada no carro, sabe?

Em um dia que eu não fui, minha mãe comentou que o pastor deu um sermão de meia hora sobre a vestimenta “apropriada” para se vir aos cultos. Que era inadmissível usar roupas “não-conservadoras”. Daí ele mencionou uma passagem da Bíblia que, como diria Homer Simpson, está “numas páginas lá pra trás”. Que fala algo como “venha com suas melhores vestimentas para a igreja”, algo assim.

Para a sorte do pastor, eu não estava lá! Senão teria levantado do banco e gritado “EEEEPPAAAAAAA” no melhor estilo Vera-Verão. Porque ele ia ouvir muito!! Quem é ele na noite para definir o que é apropriado ou não para se vestir?!?!? Até concordo que uma menina usando shortinho revelador ou uma coisa sensual não é o figurino certo pra ir pra igreja, porém, ainda assim, ela não merece ser julgada, vai que era laundry day e ela só tinha isso pra vestir?!?! Rsrs Mas ele também se referiu às pessoas que se vestem em tons coloridos e estampas chamativas como eu.

Ainda que eu discorde totalmente de metade da Bíblia, eu acredito que, nessa passagem, o ponto é pra se vestir com as melhores roupas de acordo com o seu julgamento. Eu não peguei qualquer roupa do meu armário e vesti sem mais nem menos. Tem todo um conceito por trás do que eu cuidadosamente escolhi: desde o tom da camiseta até o tom da pulseira colorida que eu costumava usar.

O que é brega pra uns pode não ser pra outros. O pastor que deu esse sermão, por exemplo, sempre usa um terno social bege breguíssimo com um corte super ultrapassado, provavelmente comprado no começo da década de 90. Gravata torta, meias, sapatos e cinto com cores descombinadas. Um horror! Porém, na cabeça dele, ele está arrasando, com a melhor roupa que ele tem, na opinião dele. E eu acho que é isso que a passagem bíblica quis dizer.

Na semana seguinte a este sermão, minha mãe começou a selecionar roupas sociais minhas e colocando em cima da cama, enquanto eu estava tomando banho. E eu aceitei a consultoria de moda dela?? NOOOTTTTTTTT Cachecóis verde-limão, camisetas rosa-shock, aí vou eu! Um tempo depois disso, minha mãe parou de me levar para a Assembléia de Deus devido às diferenças filosóficas minhas e da igreja. Achei chic!

A ilustração acima é de um artista plástico chamado Aecio Sarti. O conheci quando visitei o atelier dele em Paraty. E traduz um pouco esse conceito de alienação e falta de liberdade de expressão no âmbito religioso.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

NERD!!?!?! EEEEEEEEEEEUU?!?!

Sabe quando você se depara com aqueles momentos decisivos da sua vida aonde são reveladas epifanias e descobertas surpreendentes? Este momento chegou pra mim quando estava cursando a faculdade de Desenho Industrial, há alguns anos atrás (não tantos anos assim! Ò_õ).

Deixe-me explicar, na infância, estudei em um colégio católico, que ensina religião e rezava ave-marias e pai-nossos todo o santo dia. Neste tempo, eu costumava sentar na frente e tinha um desempenho de bom a ótimo nas aulas. Com a conversão da minha mãe para o protestantismo, ela me tirou de lá no meio da quinta-série (só fui associar uma coisa com a outra recentemente) e fui estudar em um colégio “neutro”. Que, pra mim, era uma escola estadual paga. Lá, o meu desempenho caiu de bom para regular; me sentava no meio. Fiquei um ano e meio até ser transferido para o colégio aonde encerraria o ginásio e o colegial. Neste meio tempo, eu já sentava no fundão, fiz amigos com quem converso até hoje. Era um luxo! A gente passava as aulas ouvindo música, lendo Marie-Claire, fazendo testes da Capricho, brincando de Stop!

Daí veio a faculdade e a coisa mudou de figura. Eu começaria a estudar assuntos que me interessavam, porque, sinceramente, a última vez que eu me deparei com perguntas relacionadas à química, biologia e física, foram no terceiro ano do colegial. Não que essas matérias e outras que eu detesto, como matemática, por exemplo, não sejam importantes para o mundo, elas só não são importantes para mim. Ainda que eu use matemática no meu dia-a-dia, não vou usar o teorema de Pitágoras pra calcular o troco do supermercado!

Então, na faculdade, principalmente nos anos finais, eu começei a me esforçar não só pra tirar a média pra passar na matéria. Eu queria a nota máxima e nada menos que isso – porque este foi o curso que eu escolhi e, se eu tirasse um sete, por exemplo, mesmo passando na matéria, significaria que eu não absorvi 100% do que me foi passado, logo, me reduzindo a um profissional “meia-boca”.

Porém, ainda assim, nunca fiz questão de sentar com a cara grudada na lousa. Sempre me vesti em modelos abalativos, saía de balada constantemente e, uma vez ou outra, também rolava umas conversas paralelas com amigos durante as aulas.

Foi aí que, ao sair de uma prova de antropologia cultural ou algo do gênero, alguém vem até mim e me pergunta se eu tinha ido bem. Apesar de mais tarde descobrir que sim, estava com uma sensação de dúvida e disse que não tinha certeza. Foi aí que eu ouvi um: “Ah não! Se até o Diego, que é nerd, acha que foi mal, imagina eu então!”. Fiquei pedrificado! Horrorizado! Nerd?!?! Eeeeeeeeeuuu!! Mas eu me visto tão bem! Gasto hoooooras na banca comparando e contrastando todas as Vogues e InStyles de todas as partes do mundo! Assisto E! e adoro ver os red carpets das temporadas de premiação! Como assim, Brasil?!

Foi um choque muito grande pra mim descobrir que eu era nerd. Porém, as minhas pintas com camisetas listradas rosa ploc-schock e hard verde-limão; cachecóis chamativos; pulseiras fluorescentes e outros acessórios super brilhantes que eu usei durante a minha fase mais clubber naquele lugar, acabaram mudando para sempre o esteriótipo de nerd naquela faculdade.

Porque eu não sou obrigado!